Que tudo retorne como se fosse um vento
na sua trajetória
sem um princípio
sem um fim
Que nunca sejamos vencidos pelo nosso próprio tempo
que nos caminhos traçados
não há pegadas
não há destinos fechados
não há marcos a separar-nos
não há divisões
Nos confessionários
em nós e por nós todos
nos cimos e nos baixos
onde somos nada mais
que um sonho ainda perdido no espaço
sombrio da memória
não há confissões
Que nem na divisão dos mundos
os nossos olhos deixem de ser visionários
que nossos corpos não se submetam à humilhação
de um mundo que circunda os caminhos da ilusão
Que nossas vozes nunca se calem
face à degradação
à escoriação,
à desumanização
à desconstrução
Que tudo seja um recomeço, nunca um retrocesso
nunca uma multidão sem voz, numa gruta fechada
que nunca se nos derretam os gelos por dentro
que nunca o fogo se permita arder nos fundos
onde se erguem as sombras
Que tudo retorne no nosso ainda tempo
nas noites, nos dias
no único grito de revolta
cá dentro
Pode ser num tempo vazio
num espaço fechado
num lamento escondido
na força de um vento que arraste tudo
até ao ponto
de nos esquecermos
por morte
ou má sorte, nos caminhos
Mas que tudo retorne ainda num tempo nosso!
ÔNIX /Dolores Marques
Sem comentários:
Enviar um comentário