quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Sem fim


Há noites de insónias, noites e muros frios por entre os olhos
Há histórias passadas...ecos com sonhos guardados e viagens paralelas
Lembrar é voltar…voltar ao tempo dos muros frios e sombrios por entre os olhos.
Pensar é cair…sacudir os ombros…e andar...voltar a cair
Simplesmente andar sem parar...e cair...voltar e cair
Olhar de longe a imagem de um sonho prestes a terminar
A casa…a casa sem estrutura, toda de branco, suspensa no tempo
As portas e as janelas não tinham fim
Tudo era branco, tudo no fim daquela rua era a neblina e a casa…
A casa entrava por ali com o homem também vestido de branco
Mas a rua era imensa…medonho aquele lugar escuro e sombrio
E ela caminhava solitária sem saber para onde
Simplesmente caminhava em direcção ao sonho
E ele... o homem olhava-a de cima do seu semblante branco
Todo ele era branco, o cabelo, os olhos, o traje arrastava-se lento
Os pés descalços, imaculados
E ela descalça na rua escura, caminhava só pela rua escura, sem fim
Sem um único fim à vista
Ele olhava....insistia em olhá-la de cima do seu semblante daquela varanda com recortes brancos a iluminarem-lhe os passos.
Ela caminhava e olhava, simplesmente olhava para cima
Só havia a rua escura, a neblina e o céu….
Só o céu se sobrepunha ao cenário onde se construíra a casa toda de branco
E o homem….
O homem a olha-la de cima como se todo ele fosse a luz...e ela...
Ela lá continuava pela sua rua escura, sem fim,
Sem um único fim

Dolores Marques (ÔNIX)


sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Mensagens do tempo


Sempre que me faço estátua
Nas tuas mãos
Sôfrega de um olhar atento
Lês-me imagens fidedignas
De um sonho distante
Mas presente nas mãos calejadas
De quem sofre por medo
Do tempo

É este vento
A cortar-me o ar que respiro
A dizer-me de um sítio
Onde encontrar
A rosa dos ventos

Calada
Inerte
Sem norte
Nascente
Ou poente

Jaz num pedaço de papel
Que me escreveste
Enquanto eu dormia
Sem me agasalhar
Deste frio desnorte