quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Um fundo

 A fuga, é cada vez mais, uma constante. Perdidos, desnorteados, amedrontados, ao ponto de termos medo até da nossa própria sombra. A desconfiança reina, e a verdade é um foco direcionado para dentro, um fundo onde ninguém chega - O reinado da nova ordem desorientada. 
Dêem-me um pouco do vosso tempo, mas não para falar da inoperância dos sentidos, e de tudo…. o que nos faz infeliz ou até mesmo feliz, e eu vos darei um pouco de mim.

É tudo o que o ser humano precisa, e ainda não viu, que só um pouco de cada um, faz a diferença no ser maior e mais verdadeiro com ele próprio. 

Dolores Marques - Ônix in Eventos 2013

Sentidos esquizofrénicos

As manhãs são sempre uma correria desenfreada. Ninguém fala, mas todos conspiram contra a sua sorte. Uns vão bem, outros vão mal e outros, assim-assim, e ainda os outros, como Deus manda. Mas, hoje os mandos e desmandos chegam-nos de um sentido obrigatório. Corta-se o sentido normal das coisas verdadeiras, e criam-se novos sentidos inversos à verdade dos nossos olhos;  uns abertos, outros fechados para o novo sentido. E assim vamos seguindo;  uns olham para a direita, outros olham para a esquerda, e os outros até parece que acordaram com umas talas nos olhos. Só veem o que lhes convém, não vá o diabo tecê-las e depois caírem num buraco sem fundo qualquer, como este de hoje que nos impede de andar para a frente.

E o polícia de trânsito, coitado, simplesmente acordado, para o que lhe ordenaram, num sentido original e esquizofrénico, vai acenando com uma das mãos o nosso novo sentido. Meu Deus, o que um simples buraco a precisar que lhe tapem a boca, provoca no movimento matinal duma cidade, que dorme de dia e acorda de noite, para os mais estranhos sentidos obrigatórios. 
Simplesmente o caos a acordar, ou a adormecer a cidade.

Nota; Tenho dias,  que me falta a paciência para tanta anormalidade. Somos um beco em ruinas, somos simplesmente o acaso de uma ordem inversa à normalidade


Dolores Marques: Dakini in Eventos 2013

Tic-tac

Tenho dias que só me apetece rebolar  com as horas. É assim uma espécie de desalento, talvez uma fuga para novos pontos de encontro. Chegando lá, ouvirei o tic-tac, tic-tac dos ponteiros do relógio, e saberei ao certo aperfeiçoar os meus tiques que começam já, a dar mostras de algum cansaço. É que, quanto mais procuro a perfeição, mais imperfeita eu pareço.


Dolores Marques; Dakini in Eventos 2013