segunda-feira, 7 de abril de 2014

Geometricamente



Cortou as correntes 
que o aprisionavam ao lugar cativo

Tentou amenizar a densa neblina
mas, o ar que ainda inspirava
seduzia-o, 
levando-o aos lugares comuns

Oblíquos cómodos dos acomodados 
aos movimentos contrários 

Imagens profanadas
pelo quebranto dos desafortunados 
e a cúpula corrompida
pelo próprio corpo

Afloravam prantos aos seus olhos  
ao migrarem correntes,
por todos os poros da sua tez branca

Domesticou-se por fim, 
o único sobrevivente
da terra lavrada, arada e semeada

Já crescem as novas raízes
que geometricamente,
pendem nos seus braços

Aproxima-se um tempo
de mudança

DM/Dakini 

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Nó cego



O vítreo 
lugar dos moribundos
sacudiu os vivos
e despertou os mortos

Revoltaram a terra
e seguiam por trilhos
nunca antes vistos

Torpor sonolento
mas abrupto momento
excomungado, entorpecido
empobrecido

Mirrados sons 
erguiam-se nos altares
em voz una

Rezavam todos, o terço
no final das horas 

As almas 
sabiam dos lugares cativos
das imagens, ainda submersas
na terra húmida

Contemplavam
o despertar de todos
os déspotas e malfadados pontos 
unidos por um único 
nó cego
*
DM/Dakini
Desenho de António Moura