Há sonhos, cujo olhar impresso na noite, é um plágio dos sentimentos alheios.
São passagens para a derradeira viagem que nunca termina.
Antes, se consentem na própria linguagem arcaica, descoberta nos caminhos percorridos pelas páginas fechadas de outrem.
Há sonhos que são um atentado à forma, à subtileza, à ordem com que se desenham os vários segmentos, por eles inscritos num tempo, que nunca foi suposto ser o de alguém.
Nas passagens de nível, o comboio apita, porém, rouco, vai rasgando o tempo, em que soava e ninguém ousava copiar-lhe a loucura sobre os carris, onde ferro com ferro, tudo era fogo nas distâncias a carregar sonhos, só sonhos, de alguém.
O ar derrama sobre a terra os conselheiros do templo. E este é nosso templo. O lugar onde tudo é tudo, mas também, tudo, é num instante…nada.
A água escorre pelos dedos, em gotas lentas, porque em cada palavra, surge uma lágrima de todos os tempos.
A terra cospe todos os ventos, quando não sentidos no seu verdadeiro trajecto.
O fogo arde, sem consumir tudo, porque nem tudo arde com o fogo, e o comboio cala-se de quando em vez.
Há sonhos, cujos elementos já os sonharam, e depois os abandonaram, por não irem ao fundo de cada um, arrancar um novo e genuíno sonho.
Há sonhos cujos passos impressos nos olhos ainda aguardam que se cumpra a profecia.
Mas, os olhos,…os olhos fecham-se na noite, como se o dia fosse a única aberta para voarem por eles afora.
E voam tão alto quanto a torre do maior sino onde se ajoelham para rezarem pelos voos incertos dos outros, nunca dos deles. E o sino bate, bate a reboque o ferro fundido, como se todos os corpos se tivessem afundado, para a maior libertação nos céus para as suas mágoas.
Depois tudo conspira contra o próprio peito, por não saberem ouvir as batidas certas, para uma sinfonia em "dó" menor. E o maior dom dos sonhos ainda virgens, eleva-se digitalizando os nomes duma certa ordem estabelecida na terra dos sonhos….dos sonhos de alguém.
ONIX
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