quinta-feira, 9 de março de 2017

Limites


Como descobrir no Portal do Tempo uma porta ainda aberta?
Como saber se o tempo ainda é um remanescente do espaço aberto, que nos une nos outros ainda fechados?
Como sentir a inconstante peregrinação do corpo, quando ele for somente alma, nesse espaço vazio do tempo?
Como não percorrer um caminho na dualidade, se te encontro até nos espaços em branco de uma vida. Aquela que só nós escrevemos nos limites dos corpos?

Só nós, conhecemos os voos livres do vento.
Só nós sabemos como ser unos, nos sons que se libertam do silêncio. 
Só nós, sabemos quanto tempo é o tempo que nos faz ainda existir um no outro, ainda que num espaço vazio desse mesmo tempo. 

Reinvento-te. 
Mato esta sede de um tempo agreste. 
Sacio esta fome de um caminho sempre em aberto. 
Não tenho limites. 
Não vislumbro um céu de cor mate. Nem ele é o meu limite.
Não me limito no espaço vazio de um só momento.



Pertenço à classe dos marginais do espaço. 
Esse longínquo círculo geométrico, onde os caminhos se abrem à aventura da nossa maior viagem.
A epígrafe do movimento circunstancial das horas, quais lamentos na noite, é nossa.
Alegoricamente, conheço-te nas metáforas ainda em construção. 
Sei-te na dualidade do corpo da lua. 
Encontro-te nos círculos de fogo que são talvez a Alma do sol. 
Conheço todos os teus segredos inscritos nas cores, que são a base de uma tela, onde o branco dos meus olhos criou raízes fundas.
Escrevo as metáforas numa só palavra, que te envio numa carta lacrada com a cor das lágrimas de cristal.
Não podes ser um perpétuo adeus.Sim, a presença. 
Pertenço-te como se fosses um caminho cruzado nas palmas das nossas mãos, por ora fechadas. Sinto-te como se não houvesse mais reincidências nos nossos corpos, na demanda última dos céus. 

Como descobrir na porta ainda fechada, a inscrição do Verbo: AMOR?

ÔNIX(Dolores Marques)


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