quinta-feira, 23 de março de 2017

À volta da Luz

Quando a porta range eu sinto frio
Frio...e medo
Medo de quem nela bate
Medo de quem ali sofre
Medo de quem dela se apega, por não saber quem mora cá dentro

Medo do próprio medo, de não saber quem bate à porta
Medo dos meus ais, estes inseguros batimentos cardíacos
Medo do sonho se perder por entre as suas frestas

Medo de me surpreender no sono, ao acordar, e ver que não havia porta alguma no meu sonho

O medo é um relâmpago nos meus olhos, agora abertos
E sinto um sol furibundo por dentro do meu medo

O sonho no meu caminho
A porta que não é porta
A loucura do sono, somente um silêncio a escrever-se no fundo dos meus olhos

Esconjuro este espaço
Renego este tempo
Grito por fim, por mim adentro, e nem um sufoco me salta fora do peito.

É o medo…
Este sentido invertido, simplesmente um caminho:
fora às portas
fora às janelas

Fora…fora tudo dos olhos

São as orações, os credos desenhados no crucifixo
o corpo de Cristo, o sangue de Cristo,
o Cálice por ora vazio.

É a sede
É a fome
É a miséria à volta da Luz

É o rio
É o mar
É o horizonte
É a cidade toda fechada no meu corpo

E a porta, que não era porta
Range de novo agora o sobrado
São uns passos
São uns prenúncios de alguma coisa suspensa no tecto
São suspiros e gritos do lado de fora
São melodias, todos os sons do lado de dentro da porta que não é porta


ÔNIX

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