terça-feira, 15 de junho de 2010

Dimensões V - Paz

Quero-me na tua paz
Um sorriso mesmo que distante, desejo inadequado…
Consentâneo com todos os olhares que esboçam uma face negra
Oceânicos contornos de um rio, onde as águas se escondem
E se lamentam do tempo.

(De um tempo seu)

Sempre que este estado moribundo onde deponho o meu corpo, seja o meu lado obscuro…
Serei em todos os corpos, doação perene de sentimentos vivos
A cair em desgraça sobre a tua boca

Falas e eu calo
Andas e eu paro
Sorris e eu choro
Cantas e eu blasfemo
Dormes e eu finjo ter sono nos braços teus
Sonhas e eu carrego os fardos de sonhos meus

Porque não vejo as estrelas quando tu vês o céu
Porque durmo quando viajas sobre um mundo meu?

Seremos um…quando nos ouvirmos no banco dos réus
E as águas nos lavarem os pés cansados das noites em havia fagulhas no céu
Afogo-me nesse leito onde deponho as armas
Sempre que do meu sonho me levanto
E te procuro nesse mar cansado onde descansas o teu

Quisera fazer do meu corpo a sonoridade do tempo
Para no teu me encontrar quando a morte me vier visitar.
Pudera morrer de mãos postas no vento
Amarrá-lo ao meu corpo e levar-te comigo
Ser santidade num olhar que se perdeu

Quisera ser na tua boca, uma só noite em que sobre nós o inferno desceu
Pudera castigar-me nos momentos em que fujo de ti
Sem saber onde me perdi

Quisera fazer da sorte que me calhou, uma fogueira no meu corpo
Quando da tua boca bebi
E me fiz nascente e poente num sono meu
Pudera molhar o meu corpo
De doces lembranças nossas quando o rio se escondeu

Serei a paz que procuro…
Sempre que no teu corpo encontrares o meu

Serei a paz que mereço...
Sempre que na tua boca me levares ao cabo do mundo

Serei sempre eu
Quando de mim arrancar a arte de bem namorar um sonho que se perdeu
*
(foto; DM)