segunda-feira, 22 de maio de 2017

Sintomático


Tenho os sintomas da morte no meu corpo
Já não tenho força nos meus braços 
Já não sinto as pernas, os pés, as mãos, os olhos 
Que vibravam por dentro 
A boca que te chamava aos sonhos
E te beijava nos sonos

Já não tenho nem a forma que suporte este meu estado inerte 
Um espaço que te sente como se fosses somente a morte

Tenho os sintomas de um desejo ardente no meu corpo
O espaço onde semeias a dor 
E fomentas a guerra dos mundos 
Interiores de um só desejo

Os terríficos dias são o teu jeito de viveres as noites todas 
Sombras e mais sombras a dançarem à volta da noite
E o teu alimento diário num caminho de quase morte

E eu sinto-os agora…
Os sintomas da morte no meu corpo

Sinto-te por dentro um corpo em chamas
No universo do meu querer ser vida 
A elevar-Te
Para nos salvar deste pesadelo de uma morte 
Que sem ser morte
Nos consome por dentro.

Sinto-os a todos...sinto-os agora
Os sintomas da morte no meu corpo
E sem receio lhes digo
Que estou pronta...sem medos

Questionei em todos os momentos sintomáticos
A minha consciência...

ÔNIX

Voos


Junto a ti não chegarei...
enquanto me sentir a definhar.

Por isso...
ainda vais a tempo de permitires que aflore 
em ti 
algum resto de consciência.

Sabes, 
o voo pleno é o da consciência 
em estado sublime de elevação.

ONIX

Dóis-me por dentro

Dói-me por dentro, o teu Ser.
Dói-me todo o mal que fazes a ti próprio.

Dói-me por dentro o teu Ser, a tua inconsciência
Dói-me a alma, pela tua consciente avidez 

Dói-me o corpo
Dói-me por dentro todo o mal que fazes a ti próprio


ÔNIX

quinta-feira, 18 de maio de 2017

Porta fechada

Uma sensação de vazio. Vazio por sentir que o que segue nessa direcção, não é recebido, mas escamoteado por não fazer parte do mesmo invólucro
Não forma o Todo.
Vazio por sentir que o que segue, não entra, fica simplesmente a bater à porta...
UMA PORTA POR ORA FECHADA

Uma sensação de vazio, pela perda de um sinónimo aberto à luz.
Esse caminho teu, não é um caminho vazio, mas um caminho na direcção do caos onde está a presença, a semelhança do que somos nos caminhos das sombras.
Esse caminho teu que também é o meu, é simplesmente a ordem inversa desse mesmo caos
O caos dos enganos
O caos das imagens
O caos do abandono
O caos da metáfora da porta
O caos da metáfora da chave
O caos da penitência
O caos onde se perde o pensamento
O caos cuja semelhança ao tombar do corpo que abandonou o cais na última presença do Sol nos olhos, continua a ser o caos.

E agora que o Sol se põe, seguirá caminho, enquanto os corpos abandonados no cais, sofrem pelas mares perdidas, junto ao farol apagado.
Chegam as estrelas do mar alto
Chegam os vendavais dos céus
Chegam todos os sois acabados de nascer
Retornamos nós, até que o Amor nos leve e nos mostre tudo o que perdemos, enquanto não nos víamos.




quarta-feira, 17 de maio de 2017

Um "Eu"


No verdadeiro sentido das palavras, ouvem-se os sons provocados pelos murmúrios desordenados, enquanto se ama o Todo ali inscrito.
Despem-se de preconceitos, por quanto ali coabitar esse fogo dominador.
O Amor, somente o sentido provocador do corpo agora deitado, desesperançado de seguir viagem pelo seu Eu...somente um Eu castigado pelo sentido da vertigem.

ÔNIX

quinta-feira, 11 de maio de 2017

Vibrações



Há vários tipos de orgasmos. Alguns não se sentem, porque existem nos espaços fechados de um livro, que quase sempre se folheia no mesmo sentido. 
E isto dá conta dos nervos de cada Alma que sente prazer em todos os orgasmos da Vida. Porque raio tem que ser sempre da mesma maneira?

Quanta seiva derramada no tempo onde se vai beber, e a fome continua um vigor desenfreado. Quando não forem precisas palavras para expressar a alma e o corpo, o que será dos poetas/escritores....? Como enfrentarão o caos, denominado de ausência do Eu?

A abstinência chega sempre tarde, quando sem se saber direcionar os castigos, se sobem todos os degraus para se chegar mais depressa ao céu...

E, escrever o corpo? Para quê? Só se for uma das partes onde o Poema se afunda. Mas se o poema se afunda não deve querer que o escrevam. Deve desejar só que o sintam. 

Que se afoguem então as palavras onde nada se sente, e tudo se mastiga na boca de um forno vazio. 
Somos uma minoria em crescente actividade sensorial. Somos a força esmagadora que fará acontecer, nunca ceder ao tempo dos muros frementes nos olhos.
Somos aquela partícula de fogo guardada na memória.
Somos vigilantes do sono.
Somos a tradição na dança dos elementos.
Somos a equação matemática ainda a deambular por cálculos errados do corpo...mas fomos e somos!
Somos a luz, ainda que ténue a iluminar-nos por dentro.
Somos o tudo e o nada preenchidos pelos traços frescos na pele.
Somos…somos…somos nós!
Somo uma variável a comunicar com um indeterminado “Eu”

E agora como se o tempo não existisse, não sabemos para onde dirigirmos o pensamento. Se para um fundo vazio de muitos “eus”. Se para um círculo onde se fomentam várias ordens relacionadas com o nosso verdadeiro “Eu”, num universo em construção. O nosso Universo!

Vibra como só tu sabes e sente como só tu sabes sentir  todas as vibrações dentro e fora do corpo, o veículo veloz para assimilares a verdade que trazes. Esse universo dentro e fora do corpo, que te faz ser um Ser…um Ser nos caminhos da Luz.

ÔNIX

quinta-feira, 4 de maio de 2017

Somos

Conscientes, mas 
verdadeiramente crentes
na dimensão, onde se apoiam 
alguns lapsos de memória

O verdadeiro emocional 
ainda por vir, é um enredo
a contracenar dentro do peito

Ainda que todos os sonhos
sejam fruto de um surto 
provocador dos sentidos

Ainda que assim o seja
sabem onde se deitarão
os corpos

A consciência…exausta
cai como os vários frutos
a nascer ainda na inocência
de uma árvore 
que não sabe se irá crescer
no pomar
ou na fertilidade do deserto

Agora que tudo é em verdade
a mentira de um esquecimento
tudo dança nos pomares vazios
do tempo dos frutos ainda verdes

Agora que nos sabemos 
a razão da única verdade
a nascer nos nossos olhos
teremos por perto a linha 
onde se escreveu em tempos 
um horizonte

Agora que não mais 
arrastaremos atrás do tempo
a iniquidade, a inverdade
e a vaidade por nos sabermos
em dimensões superiores
quando em baixo abandonamos
os jardins na claridade
das orquídeas 

O ontem foi um presságio
um adeus ao tempo que por ali passou
e porque o hoje é um novo tempo
os frutos cairão nas mãos
onde se escreveu 
no passado um tempo de Páscoa

Porque um novo evento 
sempre nasceu e nos sucedeu
no deserto infindável do tempo
conscientes e verdadeiramente 
crentes...somos!


terça-feira, 2 de maio de 2017

Poema "Encontros"

Pontos

Quando tudo começa do zero, tal uma ponte de ligação a tudo o que existe, à esquerda e à direita desse mesmo ponto (ZERO), e o nada a assumir uma presença inquieta por tudo o que é ali revelador. Uma sequência de imagens distantes, em partículas desintegradas, integram um conjunto, que mesmo sendo um espaço vazio, se nega à dissolução das várias partes que o compõem. A vida fundamenta-se sobretudo pela entrada da luz, cuja existência é a inequívoca síntese do espírito, sem espaço, sem tempo. 
Só a simples e sublime existência.

Quando se percebe a igualdade entre os pontos vazios, numa escala designada por tabela dos reinscritos, todas as funções dessa mesma tabela são ordenadas por diferentes estados de Alma. 
Divagamos nós, por não termos consciência do nosso propósito aqui na terra, e, indiferenciados, somos a múltipla dimensão desconhecida do corpo, porém  a presença inigualável da Alma faz a ponte de ligação ao Todo existencial. 

Quando se perceber a origem de um ponto, libertam-se as ideias presas por fios invisíveis a esse mesmo ponto. Definimos os trajectos assimilados ao longo do tempo, um tempo, do qual que não temos a noção exacta do seu início, mas, cuja existência conhecemos como um espaço que nos sabemos a ocupar. Então de que tempo se fala, tendo como ponto de partida um vazio inerente ao espaço sem tempo definido?

Quanto mais sensitivos, mais desprendidos do elementar sentido nos limites dos corpos, mais entendimentos surgirão da Alma, onde as palavras ganharão um novo sentido. Tudo o que vivenciamos neste nosso tempo, não mais fará sentido. Todo um passado remoto se recolherá ao seu lugar de origem. Mas, tal como o sabemos, esse espaço não mais permitirá que sejamos o ponto de partida de um ponto Zero, indefinido. Seremos na dúvida, um espaço vazio num tempo sem tempo, contudo as memórias serão enviadas através de novos espaços ordenados e  mais coerentes com o nosso novo sentido da vida. 


ONIX