Tudo por conta de um remoinho que criou uma certa ondulação à volta dos nossos pés. Era de tal forma insinuante aquele remoinho, que ficámos sem saber como se deslocou na nossa direcção. O mar estava calmo, as gaivotas em voos simétricos, enfiavam os bicos na areia, e os olhos, nos nossos olhos.
Sôfregas por mais ar renovado, levantaram voo!
Dizia-lhe em tom calmo que tudo aquilo me parecia um eco saído do fundo do mar.
Todo o ambiente era um todo, tanto que nesse todo havia um certo equilíbrio, apesar dos voos assimétricos, causados pelo resvalar de uma gaivota que voava em círculos e criava semicírculos em redor de nós.
Posto isto, evidenciava-se nítido um grito que ecoava ao longo da praia. Saiam de todos os lados, outros gritos desvairados, causando uma melodia eco festiva, nunca antes vista naquele deserto oceânico. Entretanto, também o mar se assumira como um gigante adamastor a tentar engolir o remoinho abandonado. Através da sua garganta funda, a desertora gaivota sumia-se por entre partículas de espuma branca. O contraste agonizava, ante a perplexidade do abominável homem das neves, agora estigmatizado na areia de uma praia deserta.
Continuava a insistir, dizendo-lhe de novo em tom calmo que tudo é um todo e que tudo é aproveitamento do tempo e das marés, que nada se perde nas asas de uma gaivota. Olhou-me com um olhar extasiado e seguiu adiante. Ocupava o mesmo espaço, pisava as mesmas pegadas na areia, que nos fizeram vir nesta direcção.
Ocupava eu um novo espaço, diluído nos voos extraditados no mar alto.
Para um e outro lado regressámos, mas sem certezas de que o tempo iria continuar de feição.
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