sexta-feira, 26 de abril de 2013

Histórias sem passado e nem presente


Contei todos os quadrados e ultimei o meu desejo de ser a figura mais carismática de todas. Ajoelhei e orei a todos os santos, menos àquele que me disse um dia que seria só mais uma peça jogada nas masmorras onde todos dormem, enquanto não chega o dia do último sacramento.
Avisei-os a todos, mas... não me quiseram ouvir. Fizeram ouvidos moucos e retrocederam ao sítio onde tinham deixado os olhos. Ficaram assim sem conseguir enxergar as marcas dos seus pés de chumbo e, curvaram-se então todos para a mais bela oração de todos os tempos.
Era chegada a hora de se redimirem. Deitaram-se todos. Colocaram as cabeças, cada uma em sua quadrícula, para ser posta à prova a sua inteligência. Emocionaram-se todos aqueles que não cabiam nos quadrados e foram feitas as contas elevadas ao cubo para satisfazerem a sua vontade de se materializarem ali mesmo.
Da diferença resultou a soma. O equilíbrio forçado foi aceite por todos. Ficaram só histórias sem passado e nem presente. Renasceram para fazerem uma nova história e aí… começa tudo de novo!
Até quando, até quando para os preparativos de uma nova história? Mas agora sim, com princípio, meio e fim, em todas as figuras geométricas.

(Dolores Marques; Dakini - Eventos 2013)

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