sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Os heterónimos de Fernando Pessoa




Alberto Caeiro - o mestre de Fernando Pessoa

Nasce em Lisboa e viveu quase toda a sua vida no campo.
Não teve profissão nem educação quase nenhuma.

Através da sua poesia, podemos caracterizá-lo como um poeta que vive o presente, o aqui e o agora. Ensina que o melhor será viver sem dor, sem angústia e combater o vício de pensar e ser um ser uno (não fragmentado). ” O que penso eu do mundo?, sei lá o que penso do mundo” Eu nunca guardei rebanhos”

É um sensacionalista. Vive de sensações e de impressões, sobretudo visuais. Identifica-se com a natureza “O meu olhar é como um girassol”. É o poeta do real e do objectivo, recusa a introspecção e a subjectividade. É um poeta lírico, espontâneo, ingénuo e inculto (S/Form Académica). Vive o presente, o aqui e o agora, não faz planos, não recorda. “sou um guardador de rebanhos” penso com os olhos e com os ouvidos”

“Nunca ouviste passar o vento, o vento só fala do vento, o que lhe ouviste foi mentira e a mentira está em ti”

O estilo poético apresenta uma linguagem simples, transforma o abstracto no concreto através da comparação e da metáfora.
Liberdade estrófica e ausência de rima.


Ricardo Reis – o discípulo de Caeiro

Nasceu no Porto
Educado num Colégio Jesuíta. Formou-se em Medicina
Por ser monárquico, partiu para o Brasil


Os temas da poesia de Ricardo Reis, são ligados ao epicurismo. Esta filosofia (modelo do gregos) defende a fruição do momento presente, a aceitação calma da ordem das coisas que pode ser possível através da disciplina para alcançar a felicidade. “logo que a vida não me canse, deixo que a vida por mim passe”
Os gregos são o modelo da sua sabedoria – aceita o destino de uma forma digna e altiva


É um discípulo de Caeiro e como tal elogia a simplicidade da vida campestre, é indiferente ao social. Embora se note algum medo da morte, é importante ter consciência de que vida é passageira, e pensar que o amanhã não existe “vem sentar-te comigo Lídia à beira do rio, que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.”

Em suma este heterónimo é um clássico, Inteligente, Culto, Austero, Disciplinado. É o poeta da razão. Aceita a vida tal como ela é, saber viver o presente “Carpe Diem”

O estilo poético apresenta estruturas estróficas mais clássicas e um vocabulário pensado com muito rigor. Frequente utilização de latinismos.


ALVARO DE CAMPOS

Álvaro de Campos é o heterónimo que percorre uma curva evolutiva que assenta em 3 fases:

A 1ª fase é reconhecida por ele próprio como uma fase decadente, que deixa de o ser quando o mestre Caeiro o acorda para a sensação e uma nova alma.

Desponta para a 2ª fase (a futurista) com vitalidade, amor ao ar livre e ao belo feroz, condena a literatura decadente e usa a inteligência e a força através da emotividade individual. O seu estilo é agora esfuziante, torrencial, espraiado, anafórico, exclamativo, interjectivo.

A 3ª fase mostra bem a curva evolutiva de Campos ao transpor para a poesia os seus pensamentos, imagens que lhe ocorrem num estado de semi inconsciência, à deriva. É a fase pessoal intimista, onde reina a sinceridade e o seu lado humano.

É o heterónimo que mais se assemelha a F. Pessoa ortónimo no cepticismo, na dor de pensar no tédio, náusea, desencontro com os outros, nostalgia da infância e sobretudo na dispersão do eu.

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