Há um prenúncio de qualquer coisa, mesmo antes de o ser
Esmiuço os sentidos até descobrir o que me leva por estes meandros da vida já gasta
Debruça-se pelas correntes que passam
Sem nada a levar
E nada a trazer
Como poderiam,
Se nem elas suportam o peso dos anos...
Nesta margem...
Fica sempre um resto de morte nos lameiros que as viu nascer
As flores que se soltam ao vento
Perfumes raros
Essências calmas
E silêncios amordaçados
E eu que sonho entregar-me a ti
Quiçá, num sonho
Ou numa viagem astral
Até aos confins dos mundos
Morro antes delas, coitadas...
E depois, o que será delas ?
Sumidas nas raízes tenras de uma terra alagada
Perco-me sempre no caminho, junto à margem das mazelas
Vi-te hoje a atravessar o jardim e não me viste deitada
Em pétalas raras...
Estou só nesta lenta caminhada
Onde o tudo se mistura no nada
Levanta-se da poeira da estrada
Uma só noite...
Que adormece na madrugada
Junto às casas onde me deito, já não há nada
Não há mais do que uma morte anunciada
Engendrada nos caminhos da alma
1 comentário:
Olá Mª Dolores!
Nesta morte anunciada,
parece-me haver um estado
de alma algo doloroso que
terá de ser ultrapassado.
Deixar a tristeza e olhar
em frente.
Não estou a tecer qualquer
critica negativa, porque eu
tenho muitos poemas escritos
alusivos à morte, que escrevi
numa fase critica que passei.
No entanto gosto do que escrevi.
O seu poema não deixa de ser
bonito e bem definido.
Beijos!
Alvaro Oliveira
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