Eu sou aquele sonho que se verte nas entranhas de outro sonho, ainda por nascer. Se me quiseres gravar na tua memória, fá-lo antes do nascer do sol. Na lua, há um registo de mim no seu brilho nocturno. Mostra-se sempre nas noites que me vêem nascer, quando o negro manto me cobre o rosto.
O mundo fantástico dos sonhos, é um mundo em permanente mudança, e eu uma ínfima parte dele, sempre que me predisponho a sonhar. Mas as vestes que me cobrem o corpo, põem a descoberto a nudez da alma, que tento esconder, sempre que as formas se gastam no mundo ainda por descobrir. A morte mostra-me sempre novos sonhos a sonhar. Dispo-me da vida e invento-me um mundo novo que espera pelo acontecer nos caminhos que percorro.
E o Mar...
O mundo fantástico dos sonhos, é um mundo em permanente mudança, e eu uma ínfima parte dele, sempre que me predisponho a sonhar. Mas as vestes que me cobrem o corpo, põem a descoberto a nudez da alma, que tento esconder, sempre que as formas se gastam no mundo ainda por descobrir. A morte mostra-me sempre novos sonhos a sonhar. Dispo-me da vida e invento-me um mundo novo que espera pelo acontecer nos caminhos que percorro.
E o Mar...
Avanço sempre na direcção do centro, que se expande na fertilidade do azul do céu. São momentos raros que se lançam na imensidão de um mar audaz. O farol já não reflecte os sons que se inclinavam á minha passagem e lanço-me até ao fundo da noite, em busca da clara luz. Só ela me serve de aconchego. O céu povoado das cores da noite, veste-se de branco e segue os sinais cravados na minha pele. Registos de vários tons, num corpo esbelto, e sugado pelas marés, dança a dança dos rituais sem nome, aqueles que eu vi nascer, quando me arranquei de um sonho prestes a desaguar no mar. Concede-me gosto de te ver, quando à noite me dispo para te encontrar nos caminhos alagados de um suor morno. Os olhos abrem-se devagar, às vistas do precipício que tranca as portas quando me vê passar.
E os Aromas...
Sobrevoo os cumes mais altos das serras. Daí, avisto as ondulações quentes que se gastam numa praia deserta e os restos mortais das águas, lançam-se em desatino pelas dunas tristes. É lá que se deitam os aromas das flores silvestres e ejaculam essências nocturnas.
Hoje o Rio!
E os Aromas...
Sobrevoo os cumes mais altos das serras. Daí, avisto as ondulações quentes que se gastam numa praia deserta e os restos mortais das águas, lançam-se em desatino pelas dunas tristes. É lá que se deitam os aromas das flores silvestres e ejaculam essências nocturnas.
Hoje o Rio!
A corrente avança suava, quase a galgar o pontão por onde eu passo, livre, fora de paredes nuas e mentes cruas, que se gastam no mundo dos sonhos, presos ao sótão miserável dos afectos. Sou a outra face, aquela que reparte com a noite, um sonho de tonalidades raras. reinvento-me na totalidade de um mundo que espera pelo serenar dos rios que se cansaram do mar. Os meus passos avançam sem hesitar. Passos certos, que se confundem com os gritos das gaivotas, quando hesitam perante a lúcida caridade das águas que fugiram do mar. Os peixes engordaram durante o Inverno. Foram tantos os despejos que ficaram e as dores que se alimentaram e sobejaram. Já não vejo as mãos estendidas, nem os lenços a acenar. Essa claridade é trazida pelas gaivotas que choram sempre no mar. São as lágrimas que escorrem, e se encostam ao pontão que me leva para lá dos sonhos, que ficaram por sonhar.
E o Vazio Corrente...
E o Vazio Corrente...
Não me rendo ao mundo dos mares, sem passar pelas correntes gastas de um rio que me quer sempre a boiar, na ternura doce, no afago calmo e sereno, que em noites de lua cheia, se estendem num céu sem cor. Aí passamos para o lado de lá – o vazio da alma, que sempre se levanta e se quer nua, no universo dos corpos, enfeitiçados por luas diversas.
Eu sou aquela cor que perdura na extinta flor do monte, e lhe empresta as vozes de um rio que corre, sem pressa de chegar. Nutro-a!
E Eu...
Tenho na alma que cala, um timbre afinado de uma voz crescente. Espiral a lenta certeza do querer Ser. Fala quando cala, consente no sentir a dor, quando lhe falta a voz e dorme sempre a sorrir.
Eu sou aquela cor que perdura na extinta flor do monte, e lhe empresta as vozes de um rio que corre, sem pressa de chegar. Nutro-a!
E Eu...
Tenho na alma que cala, um timbre afinado de uma voz crescente. Espiral a lenta certeza do querer Ser. Fala quando cala, consente no sentir a dor, quando lhe falta a voz e dorme sempre a sorrir.
Sou a força que trago, mas não consigo alcançar o mundo
Do ventre que me viu nascer, soltei raízes que se alimentaram no mar e alcancei a terra dos sonhos, mesmo sem saber sonhar.
Os rios ficaram no mar e o mar avança na terra que me viu crescer.
Perdi-me do mundo e gastei-me na terra de ninguém.
Sou a vida que se quer ver de novo, entre o nascer e o morrer.
1 comentário:
Olá Mª Dolores!
Lindíssimo este texto
cheio de poesia, sentimento
e nostalgia.Adorei e me revi
nele ao sentir a nostalgia
invadir-me a alma.
É maravilhoso ler tudo
quanto escreve.
Um terno abraço
Alvaro Oliveira
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