quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Força do adeus

A minha alma conhece-me como eu a Ti, mas não sabe onde estás no momento em que te penso. A minha Alma sabe porque Te sonho. Sabe, porque sabe que fazes parte do meu maior sonho. .
A minha Alma sabe porque Te sonho, mas não me diz como sonhar mais e maior para te trazer de novo ao tempo presente.
Ela sabe de um lugar inóspito que me segura como se eu fosse um tempo de passagem a viajar somente pelo pensamento.
Adianta procurar novos caminhos quando por força do destino, nos deixamos levar pela inusitada força de adeus?
Vamos construir círculos e semicírculos à volta do pensamento, e depois naveguemos até ao ponto mais alto onde ele se defende com tudo o que tem e o que não tem.
Vamos em uníssono gritar até ao fim da nossa voz.
Vamos agora acompanhar o percurso do rio, que nos cobriu os corpos das mais ínfimas partículas luminosas.
Deslizaremos até à foz e construiremos um novo caminho nos terminais da corrente.
Calo-me de vez em quando, porque te quero ouvir a chamar por mim.
Encarcerada neste sonambulismo vicioso, vislumbro-te a caminhar sobre as águas.
A minha voz encerra-se num último grito a criar remoinhos junto aos teus pés.
Danças agora a coreografia do último adeus, até chegares ao cume de um pensamento abstracto.
Abanam-se todas as estruturas, quando esvoaçam fagulhas de um céu de fogo, em artifícios esquecidos nos nossos corpos.
E assim que chegar a última tempestade, eu serei a chuva e tu serás um vento.
E quando se agitarem os mares à mudança das marés, continuaremos a ser somente almas na mesma corrente.
E quando se aproximar a tempestade avultada, saberás descobrir-nos junto das estrelas.
Não sairás do meu pensamento e não voltarás a ser uma linha quebrada na hora do Adeus.

ÔNIX

Sem comentários: