Onde se esconderão as raízes do silêncio?
No seu corpo fechado, ou na boca aberta aos sons massacrados pelo próprio ruído do silêncio?
Como saber escrever os silêncios, quando nem um fundo negro os engole, nem o dia os sente como um ritual a exorcizar o corpo ainda adormecido da noite.
Esqueci as mãos em algum lugar onde o silêncio é um som de cor púrpura´.
Esqueci os olhos em algum lugar onde o silêncio se esconde, para não cair nas mãos que o descrevem como se fosse um indigente.
Esqueci o corpo em algum lugar do mundo, onde o silêncio é simplesmente uma soma de ecos.
Esqueci-me até de mim por não saber ouvir os sons do silêncio que enchem todos os espaços.
Depois, deixei-me adormecer sobre uma nuvem silenciosa, que nem o silêncio habitava.
Então, comecei a escrever sobre os ruídos internos. Comecei a entender que existem medos nos muros onde se escrevem tantas vezes os silêncios. Dei por mim a escorregar pela nuvem abaixo, e ali bem perto de um fundo silencioso, só existia o caos.
Um logro este mundo onde se ocupam espaços silenciosos.
Um tédio este mundo, com os olhos abertos nas varandas abertas para o caos, onde se ouvem gritos silenciosos.
Uma mentira este mundo, onde se descobrem à flor-da-pele, os traços avermelhados dos gritos desvairados do silêncio.
E a verdade propriamente dita, revestida ainda da cor púrpura do silêncio, silencia-se num murmúrio que nunca quis ser silêncio, antes a morte dos sons que habitam alguns silêncios.
ONIX
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