Já o Todo se encontrava na masturbação ocular de um olhar, com maior incidência nos espaços fechados. Sequer os traços marcados nas minhas mãos admitiam um novo tracejado, capaz de acelerar o tempo já consumido por outro destino. Momentaneamente, caladas as vozes seguiam rio afora, sem demoras, nem correntes admoestadas pelos ventos que chegavam de cima, onde tudo se completara, quando a tempestade decidira esburacar os caminhos.
Sequer as minhas mãos sabiam onde se demorar. Tinham desaparecido todos os colos fechados. Nada havia para lá desse olhar, onde as forças obscuras eram simplesmente a negação plena de uma vida em construção.
Já os corpos amantizados, se debatiam nesse concubinato, em leitos castrados pelo tempo em falta. Uma vida incompleta de cansaços e esperas desmedidas. Tudo agora, era em demasia coisa pouca, quimeras, soma de nadas, sonhos desflorados por conta de uma verdade acorrentada em mares outrora navegados.
Os pecados são ainda castigados pelas mãos, onde traçado o destino, ali deixara a sua marca, cuja união nunca foi exaltada por um além continuado. Só as marcas da indiferença, onde tudo se consome, até mesmo o sol, cujo foco principal se insinua colado nos nossos olhos, porém, sem a lua por perto.
A noite demora-se em espaços abertos, onde todos dormem esquecidos dos sonhos inacabados. Que estigma este, onde se contradizem em versos molhados, escritos com a pena, onde as lágrimas rebolam cantadas por um rio que corre só num único sentido. Na limpidez das suas águas, espelham a dor de um amor que se move ainda só por dentro dos corpos estilizados, em químicas perversas de uma pele contraditória à incidência da luz.
Calam-se as vozes, sussurram em dialetos desusados, comunicam-se por códigos encriptados entre calafrios desordenados. No entanto, apesar dos arrufos do tempo, amam o todo ali habituado às amarras de cor preta. Descuidados, os ventos que passam, levam para longe todas as correntes brancas, e esquecem os pontos e os nós acorrentados de cor negra nos seus corpos agora amortalhados.
Ao género feminino pertencem as lágrimas a acasalarem com os olhos, como se em todos os buracos existissem fêmeas com vaginas abertas. Ao género masculino pertencem os olhos, como se todas as correntes não soubessem da foz e ali afundassem o sémen, reincidente. Por ali se demoram os efeitos secundários de uma soma de variáveis incertas, nas costuras de um tempo inadvertido nos olhares todos, onde o sentimento nem sempre cria raízes fundas.
Um misto de incertezas no maior ponto onde todos os géneros amaldiçoados pela fome se limitam a deixar que por eles passem todas as horas. Por isso o tempo decide copular com o vento. Este gigante contratempo assexuado a ejacular nos momentos sufocados de um amor autenticado na foz de todos os rios, com correntes ainda caladas, e não exaltadas pelo Todo…
O Todo desalmado num processo químico soletrado em poemas ao abandono.
1 comentário:
Bonito texto este. E nem tudo deve ser em género, em causas e consequências, feitas olhos e lágrimas, porque importa a soma das metades, o todo que nasce do amor.
Com um ramo de :-) (sorrisos)
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