Porque se acomoda neste rio de águas paradas, no lugar onde os aflitos se afogaram e se perde da estrela sibilina? As correntes sufocaram-no. No lodo enterrou os seus pertences, ainda que nada tivesse de seu. Sente frio naquele ermo. Já nada lhe lembra quem foi, ou quem agora é, ou ainda quem virá a ser quando pisar o pó da estrada.

Da mochila retirou um livro, cujo encontro presente já fora marco no passado.
Nada, encontrou de novo. Estava fixado nos seus pés agora magoados, feridos. A sorte levou-o a descobrir aquele caminho novo, porém nada o demoveu de continuar a aspirar tal perfume raro. Não reparou, que os jasmins tinham dado lugar a novas flores espalhadas pelo chão. Estava ali, aquele tapete de pétalas perfumadas, cuja essência seria a cura de seus pés magoados. Confundiu-se todo com aquela mudança. Decidiu então caminhar com um passo mais ligeiro. Não viu algo que lhe indicasse um nada que fosse novo.
Para trás ficava a sua vontade de continuar a ler aquele livro antigo. Folhas amarelecidas, história repassada e mais que atabalhoada, sem incentivo que lhe vincasse um sorriso, mesmo que disfarçado por conta da dor que sentia. Deixou-o entregue à sua sorte.
Nisto, caminhava no mesmo sentido, alguém, que sem pés no caminho, avançava sem pretensões de chegar a lugar algum, se não ao fundo de um caminho, onde pudesse descansar e entrar bem fundo nas páginas daquele livro antigo. Ia ao encontro de outros mundos, mesmo que para isso, se confundisse com os vários momentos, ali inscritos.
Foi então que perdeu o medo. Assegurou-se das várias correntes que por si deslizavam, agora mais firmes no seu propósito de o fazerem ir mais além.
ÔNIX
Sem comentários:
Enviar um comentário