É incrível a transformação que se vê em cada flor, desde a formação do botão, até ao desabrochar das pétalas, até mesmo quando se acaba nas nossas mãos, quando a cortamos pelo caule e a depositamos num belo vaso de cristal.
Cristalizou-se tudo o que fez da flor uma flor! Até o nosso gesto se transformou, porque não sabemos, que, ao cortar uma flor pelo caule, estamos a cortar o ar que ela respira e lentamente, vamos também deixando de respirar. Incrível, a transformação que certos ”ares” provocam em muitos de nós, a cortar o ar que respiramos sem dó nem piedade.
Estranho este sentir pela metade. Cortar flores, oferece-las os vivos e aos mortos, e não sabermos o que nos faz caminhar, ainda em prol de uma única flor - a nossa humildade baseada na capacidade de continuarmos a ser simplesmente nós e deixarmos as flores serem flores. Sim, mesmo apesar dos cristais, e das mãos abertas ao tudo que nos faz “inchar” e não saber regular o ar, que deverá entrar e sair na medida certa. O QB dos nossos dias.
Dolores Marques – Dakini 2013
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