No altar da noite, sombras, sombrios nomes
os das memórias
inquietante o relógio parado
São de longe os passos dados
o poema incerto
o poema certo
as palavras não caladas
a voz silenciada em metáforas desusadas
A poesia já não as deseja
por companhia manipulada
sendo corrente em liberdade,
é naturalmente nós
e nunca me será indiferença
quando te digo e te grito um poema nascido
ainda que das metáforas
por medo do que digo
ou sinto
por medo de fugires da loucura
dentro e fora de um corpo que te chama
Abandona o culto aos corpos esfomeados
e prepara a terra para o maior culto das sementes
de onde brotam os sentimentos ali semeados
Alivia a terra do mato grosso
e cuida do corpo desta
em louvor ao dourado do trigo
cujos grãos são testemunhos do trabalho árduo
de um sentimento ainda a lutar para ser somente isso
Onde está o Homem
onde procurar a voz nele enterrada
como se fosse a única semente
não semeada
Usuais os pontos finais
num poema
quando ele não se lê, não se sente, não se vê
não se comove, não chora por vergonha
de o incompletarem na saga dos habituais modos
de se ser humano ainda que bélicos os olhares
Não sabe se é um ritual
ou um sermão da terra
a louvar-lhe os passos
a aliviar-lhe as dores
a cuidar dele para todo o sempre
Não reconhece nos sons díspares
um amor que ainda o é
na terra e no céu
e nos mares e nos rios
onde se escreveu um dia
a saudade
que bebemos ainda
Sofregamente
ONIX, "Onde está o Homem"
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