quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Predestinações

E se o vento rasgar todos os implantes, frequentadores de uma ordem desequilibrada, e os desfilar farrapo a farrapo, no chão que pisamos? 
Calcaremos todas as sobras desse malefeito, que enquanto não cega, cada um de nós, vai sendo remendo em trapo a cobrir os corpos gélidos e travestidos, amantes das noites que nos afogam nos seus silêncios malditos?

Já esta espera, é por fim, o fim predestinado a ser vento a soprar em todas as direções. Mas, se o tempo renegar este meu fim, serei então mais um daqueles espantalhos, a enfeitiçar o ar que respiro. 

Eis que mais um evento acontece! Inspirarei então a nova ordem de todas as coisas, naturalmente indiferentes aos padrões canonizados e exaltadas no fim de tudo.

Dolores Marques (Dakini – Eventos 2014)

2 comentários:

Filipe Campos Melo disse...

desequilibra-se o caos num rasgar de avulsos ventos
silencia-se a maldição (maldito dito por enunciar) na noite predestinada
enquanto o corpo espera

Até ao advento da ordem

A tua poesia é-me sempre irrecusável

Bjo.


Mª Dolores Marques disse...

Um prazer saber-te perto dela amigo Poeta
Bjs