O exagero chega a doer
Por tão exagerado ser, o mundo, nas mãos fechadas ao seu próprio mundo
Até o cheiro a incenso à porta das igrejas, se esbate nas indumentárias acabadas de chegar
Até os santos se descuidam e deixam cair o rosário nas mãos dos pecadores
Tudo cansa
O exagero poderá até ser, a doença do último século que irá chegar
Até as mãos levantadas para o céu, me deixam anestesiada
Não têm dedos para apontar na direção onde os pobres deixaram de rezar
Tudo muda de cor
Já as contas do rosário se transformam em mundos obscuros
O mundo do avesso, nem sequer é avesso ao submundo - o lugar onde todos cumprem promessas falsas aos olhos de Deus
Tudo cansa
Nem se consegue imaginar, o exagero daqueles que dormem de olhos abertos
Tudo se afunda nas linhas cruzadas das suas mãos, até que cheguem os novos povos
Irão povoar a terra com novas cores
Porque tudo cansa
E o exagero chega a doer
Por tão exagerado ser
O mundo virado ao contrário
Os submundos onde ainda moram todos os exageros de não se saber ser
Porque tudo cansa
E o exagero chega até a doer
Dolores Marques – Dakini 2013