Se todas as teorias fossem levadas a sério, não seríamos nós, mas bonecos de porcelana teorizando a vida; uns sem saber onde começar, outros sem saber onde acabar e outros ainda, com receio de que os cacos os refaçam de novo, para sarapintar a desgraça. Conhece-la de perto é como saber dos nós e dos que nos são chegados. É tarefa árdua, chegar perto do que está perto. É um movimento que nos leva onde não queremos ir. Estranha forma essa que nos faz tão pequenos, quando nos confrontamos com o desconhecido. Será sempre esse que nos diz outras verdades mais de acordo com a nossa busca. O que desejamos, o que não esperávamos, o que já sabíamos e até o que à partida é um começo para saber que já nada é nada, se não nos fizermos ao caminho em busca de outras verdades mais profundas.
Lá nas terras altas, o céu está mais próximo, o sol mais quente, o gelo mais seco, o caminho mais pedregoso, e mesmo assim ainda não consegui enxergar a distância que nos separa. Decisão difícil, esta, de me entregar a outras paisagens citadinas, outras correntes sanguíneas que escorrem por entre o betão. Será sempre esse que abafará todo o passado e mostrará um futuro, próximo. São tantos os rostos que vejo, são tantas as lamúrias que ouço, são tantas as igrejas por onde passo. Estão cada vez mais vazias de gente e cheias de mosquitos que varrem com as suas asas o ar poluído que circunda por entre os santos no altar. Esses já sabem o que é existir, sem existir. Estão simplesmente à espera que alguém os limpe do passado, para não caírem feito bonecos de porcelana junto ao altar, onde de terço na mão, estamos todos numa espera inquieta pelo desconhecido.
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