sexta-feira, 24 de junho de 2011

O rochedo vibra

(foto; São Gonçalves)


O rochedo vibra enquanto os sons se propagam e as ondas se volteiam, para mais uma viagem interminável...lá onde o infinito é a espera e nós a alma em busca do nosso ponto de encontro. Este vazio que me deixa inerte, sei-o bem. Sei-o tão bem quanto o bem que me quer, quando me exponho a ele, e me recebe como quem quer, ...sem saber de um querer mareante no olhar afogueado a descansar no cais.



Largadas são as vozes nesse ondular constante, e o eco afunda-se nas águas que se querem vivas para humedecer os olhos de quem quer sair de si e ir ao encontro de um rio que adormece na folhagem verde a vaguear por entre as marés que se vestem de branco. Brancos são também os olhos dos que têm à sua mesa as toalhas de puro linho, e aguardam pelo manjar dos deuses fazendo jus ao seu nome nas ruas desertas, esquecidas pelos nomes todos que as conheceram enquanto vida a encher as cidades. Mas os movimentos trazem consigo a dor de todos os que ainda vivem encostados às paredes sujas, trajadas de negro - resquícios ainda de quem caiu e não se levantou para ir ao encontro de um sonho bem perto do rio que desaguou no mar e não sabe agora para onde se dirigir; se para a foz se para a formação de novos diques que lhes reforcem a vontade de navegar.

A poesia de Giraldoff


Oculto-me nas horas

Assim me inverto
Assim se verte o tempo
Incerto


Como um vaso
vazando
no vazio


Vertendo invisíveis transparências
Derramando transparentes invisibilidades

Sombras brancas que flutuam

Fluem como memória
Afluem como palavra
Tornando-me incessável poema

Como verso de um sonho insano
Que florescido murchou


Abismos de lava suspensa
Oblíquas espirais de chama triangular
Anguladas lâminas em lábios diagonais


Metades sobre metades
Partes de partes incompletas
Como macilentos traços
de um retrato ensandecido


Delírios sobre delírios
Ecos perdidos (quase gritos)
Em emudecido sustenido


Mantos negros (talvez céus)
Detalhes de um destino por incumprir


Inabitável é a hora
Ocultado é o tempo que me pausa, agora

Do outro lado do mundo os mitos nascem em verso


Poema de Giraldoff (Filipe Campos Mello)

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Vejo-te talvez no reverso do teu imaginário e gosto de te sentir parte de um mundo que me é tão vasto, quanto a tua viagem que se destina a ser só uma viagem sem destino, ou só com um objectivo de ser um destino incerto.
Esse tempo que nos tem juntos, leva-nos para um sítio certo, como certos sãos os nossos passos em volta de um fundo, tão fundo como o mar de sensações à espera de enchentes de um novo tempo

Essa dualidade talvez me tenha muito próximo, ou muito longe de ser o teu reverso, cumprindo um destino certo, de te ser verso inteiro com vários destinos a cumprir do outro lado do mundo……esse mundo que eu adoro, e quero perto, mesmo sendo por si só, um mito.

Esse estado alerta, que se nota cada vez mais na tua poesia e que mes transporta para lugares de sonho, mesmo que esses lugares sejam ainda só uma alegoria de um mundo que só existe no teu imaginário, ele é tão real, quanto o teu corpo á espera de novas sensações. Esse corpo que serve de apogeu a todo e qualquer poema, que a tua alma faz chegar até mim….


Dolores Marques

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Ser

(Imagem da Net)


Pensar e repensar na atitude em querer ser o que se É,

pois correr-se-á o risco de parecer o que não se É…

Isto de se ser, é um pau de dois bicos:
- ou se É, não sendo, ou não se É, sendo.


Se se È, É-se
Se não se É, deixa-se de ser
E acaba-se todo o ser que há em nós

E se nos escondêssemos todos, com medo de represálias - tipo sermos abafados pelas “massas” que boicotam toda a nossa estrutura, física, mental, emocional e espiritual, ao ponto de deixarmos e ser nós, para sermos o preenchimento da base de um poder excomunal?