segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Eu Soletro e Tu Escreves:

(Foto de minha autoria. Vésperas de ano novo na Zona Oriental de Lisboa)
*

Seria um verso só no teu caminho
Se quisesses ser tu um só poema
Mas pelos tempos que já passaram
Te digo
Que por enquanto
Sou só pintura abstracta
Matizada nas brumas desta cidade que dorme

Vejo as luzes que se fundem com a corrente do rio
E já nada é como era dantes
Sofria por pensar que se tinham afogado
E nas marés despertavam
Para a noite reflectida nos telhados vazios
E fumarentos das velhas casas

Sempre que lhe defino novos traços
Traço-lhe com cores baças
Os raios esguios
As pontas quebradas
As arestas já esbranquiçadas

Mas ela…
A minha cidade, dorme ainda
Nos meus braços de menina
Esqueceu-se de crescer
E sonha que tu serás
A outra margem estilizada


Mas se quiseres ainda ser poema
Eu soletro e tu escreves:
(A) de além-mar
(M) de maré
(O) de olvidar
(-) outro traço a tracejar o mar?, Dizes tu
(T) de tudo
(E) de esperança

E se ainda me quiseres amar, escreve:

Quero-te nas marés crescentes
De além-mar
E não esqueças que para olvidar
Os meus sonhos
Serão precisos vários traços
E acerca de tudo o que viste e ouviste
Esquece…
É agora o momento!

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